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O que fazer com Carlos Alberto Prates Correia, esta presença excêntrica no cinema brasileiro?

Não é remanescente luxuoso do Cinema Novo, em fase de expiação psicodramática do nome do pai. Não é “udigrudi”, “boca-do-lixo” nem “nova onda” do cinema paulista. Não é migrante tardio do nordeste tórrido do cinema sociologizante, nem “partidão” convertido ao documentário liberal. Desconhece as fórmulas grotescas do marketing para jovens de algum cinema carioca e não é sobrinho nem afilhado de Luís Barreto. Tampouco convive com as benesses e expectativas do pólo regional.

O que fazer com Prates Correia
e seu cinema? Um cinema sem a arrogância de uma obra divisora de águas, traço excepcional marcado pelo desvio, flor mínima e rara. Um cinema que, por força de sua singularidade e da alta definição de seu desejo de imagens, não sofreu do impacto dos movimentos, das publicidades, das blasfêmias, das exasperações.

Um cinema feito praticamente “a sós”, quero dizer, irredutível em sua vontade e em sua determinação. Um cinema verdadeiramente de autor, isto é, que ousou não dar satisfações às entidades transcendentes que assombram consciências frágeis e/ou beligerantes e/ou retóricas, tais como: Público, Crítica, Cinema em si, Brasil, Minas, Revolução, Transição Democrática, Psicanálise, Feminismo, Vanguarda, Subdesenvolvimento... – e reservou, para quem se disponha a percorrê-los, infinitos labirintos.
 

Alcino Leite Neto
Estado de Minas - 10-6-86

Cinema de Prazer de Carlos Alberto Prates Correia

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