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Bem atrás da Câmera, 1978

Produção - MAPA Filmes para o Departamento do Filme Cultural da Embrafilme, Colorido e PB, 17’.

 

Elenco - Geraldo Veloso (Cineasta Gelv), Claudia Furiatti (Mulher de Gelv), Haroldo Pereira (Crítico JHP), Eduardo Escorel (Cineasta da Coruja de Ouro), Zelito Viana (Entrevistador), Carlos Brajsblat (Fumante paranoico), Murilo e Tavinho (Músicos de Minas). Narração de Louise Cardoso.

 

Equipe - Fotografia e câmera – Francisco Balbino Nunes, Montagem – Idê Lacreta, Som direto – Nilson Barbosa, Diretor de produção – Paulo Henrique Souto.

 

Roteiro e direção - Carlos Alberto Prates Correia. 

A equipe de Cabaret

Um ganso de quedes

 

   Dib Lutfi enleva ao som de Cartola enquanto Veloso se desespera no ap carioca com os problemas do roteiro, esquecendo, portanto, a colherzinha dentro do vidro de Nescafé. Sua mulher recomenda prontamente o Leopoldo, utilizado pelo Rovai quando se viu em idênticas circunstâncias. No final, ele opta pela sólida alternativa representada por JHP, aquele crítico, que de imediato tenta colocá-lo na trilha da cinematografia tedesca.

   Transfigurado no psicodélico Eduardo Escorel, eis que surge o cineasta carregando um saco repleto de corujas de ouro. Zelito, mais para caipira do que para severino, recebe-o sob as luzes estroboscópicas armadas por Francisco Balbino Nunes, o FBN.

   Anos antes Chiquinho filmara alguma coisa de bastidores que Zelito entregou ao Prates para dar o pontapé inicial na obra didática Bem atrás da Câmera.

  

   (Chipanzé, como eram conhecidos os rushes que serviam de exemplo às explanações teóricas, provocou trepidações significativas na estrutura da montagem educacional, mas sem descaracterizá-la.)

 

   Indagado pelo caipira sobre o fardo que traz às costas, Eduardo revela seu conteúdo e narra o drama vivido por outro cineasta, que ficou de mãos abanando na premiação de melhor filme do ano. Aos prantos, o desafortunado relata a ocorrência ao pai, um façanhudo baiano, que publica “Coruja Perdida” no “Correio Braziliense”, dedicando adjetivação hostil ao vitorioso, puxando o saco do general Ministro da Educação e abençoando o filhote infeliz. Entra fero Tavinho Moura, com seu arsenal de cordas, em mergulho sobre o piso enxadrezado do Palácio dos Leilões.

   Mas o compêndio apresenta ainda duas alternativas musicais: a primeira, cantante, com o som direto gravado no Rio de Janeiro. O dono da locação é paranoico, fica à janela tentando, disfarçadamente, localizar a luneta da polícia, que pode estar fotografando aquela reunião sociopolítica e cinematográfica de viciados para os arquivos da ditadura.

   A segunda, instrumental, com a utilização de um disco de Bob Nelson. É um momento exemplar de didatismo: numa estrada de asfalto nordestina, o integrante da equipe de um documentário retorna do meio do mato, onde costumava se aliviar, em passos assemelhados aos de Walter Lima Jr., passos assim como os de um ganso de quedes.

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